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quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Museu Oliveira Salazar

Continua a polémica em torno da criação do museu António Oliveira Salazar.
Uns a favor! outros contra! Continua o debate.

GNR acautela reunião de antifascistas
"A GNR está a “investigar a possibilidade de grupos neonazis estarem a preparar uma acção paralela” à reunião, sábado, da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) em Santa Comba Dão, admitiu o comandante do destacamento local, tenente Fernando Colaço. A reunião visa tentar impedir a criação do Museu Salazar na terra Natal do ditador, Vimieiro, e as autoridades esperam uma grande concentração de pessoas."
Fonte: As Beiras

16 Beijos:

Carlos Peixeira Marques disse...

Ao que parece, os mesmos "antifascistas" são contra o museu Salazar e a favor de um museu da PIDE (em Lisboa). Sobre isto, escreve Alberto Gonçalves na Sábado:
«Um representante da URAP esclarece: ao contrário, presume-se, do museu da PIDE, o museu do Vimieiro é intolerável porque exibe utensílios privados de Salazar, como um estojo de barba, e isso "personifica" o sujeito. Ou seja, é fundamental evocar os crimes daquilo a que os "antifascistas" designam por "fascismo", mas, em simultâneo, convém fingir que tais crimes foram cometidos por ectoplasmas, e não por criaturas terrenas, filhas do sacrossanto "povo", que viviam em casas da província e faziam a barba».

Anónimo disse...

Contributo para o Curriculum Vitae de Salazar.

HAJA MEMÓRIA

>1931
>O estudante Branco é morto pela PSP, durante uma manifestação no Porto;
>
>1932
>Armando Ramos, jovem, é morto em consequência de espancamentos; Aurélio.
>Dias, fragateiro, é morto após 30 dias de tortura; Alfredo Ruas, é
>assassinado a tiro durante uma manifestação em Lisboa;
>
>1934, 18 de Janeiro
>Américo Gomes, operário, morre em Peniche após dois meses de tortura;

>Manuel Vieira Tomé, sindicalista ferroviário morre durante a tortura em consequência da repressão da greve; Júlio Pinto, operário vidreiro, morto à
>pancada;

a PSP mata um operário conserveiro durante a repressão de uma greve em Setúbal;
>
>1935
>Ferreira de Abreu, dirigente da organização juvenil do PCP, morre no hospital após ter sido espancado na sede da PIDE (então PVDE);
>
>1936
>Francisco Cruz, operário da Marinha Grande, morre na Fortaleza de Angra do Heroísmo, vítima de maus tratos, é deportado do 18 de Janeiro de 1934;

>Manuel Pestana Garcez, trabalhador, é morto durante a tortura;
>
>1937
Ernesto Faustino, operário; José Lopes, operário anarquista, morre durante a tortura, sendo um dos presos da onda de repressão que se seguiu ao atentado a Salazar;

Manuel Salgueiro Valente, tenente-coronel, morre em condições
suspeitas no forte de Caxias;

Augusto Costa, operário da Marinha Grande, Rafael Tobias Pinto da Silva, de Lisboa, Francisco Domingues Quintas, de Gaia, Francisco Manuel Pereira, marinheiro de Lisboa, Pedro Matos Filipe, de Almada e Cândido Alves Barja, marinheiro, de Castro Verde, morrem no espaço
de quatro dias no Tarrafal, vítimas das febres e dos maus tratos;

Augusto Almeida Martins, operário, é assassinado na sede da PIDE (PVDE) durante a
tortura ;

Abílio Augusto Belchior, operário do Porto, morre no Tarrafal,
>vítima das febres e dos maus tratos;
>
>1938
>António Mano Fernandes, estudante de Coimbra, morre no Forte de Peniche, por lhe ter sido recusada assistência médica, sofria de doença cardíaca;

> Rui Ricardo da Silva, operário do Arsenal, morre no Aljube, devido a tuberculose contraída em consequência de espancamento perpetrado por seis agentes da
>Pide durante oito horas;

Arnaldo Simões Januário, dirigente
anarco-sindicalista, morre no campo do Tarrafal, vítima de maus tratos;

>Francisco Esteves, operário torneiro de Lisboa, morre na tortura na sede da
>PIDE;

Alfredo Caldeira, pintor, dirigente do PCP, morre no Tarrafal após uma lenta agonia sem assistência médica;
>
>1939
>Fernando Alcobia, morre no Tarrafal, vítima de doença e de maus tratos;
>
>1940
Jaime Fonseca de Sousa, morre no Tarrafal, vítima de maus tratos; Albino Coelho, morre também no Tarrafal;

Mário Castelhano, dirigente
>anarco-sindicalista, morre sem assistência médica no Tarrafal;
>
>1941
>Jacinto Faria Vilaça, Casimiro Ferreira; Albino de Carvalho; António Guedes
>Oliveira e Silva;

Ernesto José Ribeiro, operário, e José Lopes Dinis morrem
>no Tarrafal;
>
>1942
>Henrique Domingues Fernandes morre no Tarrafal;

Carlos Ferreira Soares,
>médico, é assassinado no seu consultório com rajadas de metralhadora, os
>agentes assassinos alegam legítima defesa (?!);

Bento António Gonçalves,
>secretário-geral do PCP. Morre no Tarrafal;

Damásio Martins Pereira,
>fragateiro, morre no Tarrafal;

Fernando Óscar Gaspar, morre tuberculoso no regresso da deportação;

António de Jesus Branco morre no Tarrafal;
>
>1943
>Rosa Morgado, camponesa do Ameal (Águeda), e os seus filhos, António, Júlio
>e Constantina, são mortos a tiro pela GNR;

Paulo José Dias morre tuberculoso
>no Tarrafal;

Joaquim Montes morre no Tarrafal com febre biliosa;
José Manuel Alves dos Reis morre no Tarrafal; Américo Lourenço Nunes, operário, morre em
consequência de espancamento perpetrado durante a repressão da greve de Agosto na região de Lisboa;

Francisco do Nascimento Gomes, do Porto, morre
>no Tarrafal; Francisco dos Reis Gomes, operário da Carris do Porto, é morto durante a tortura;
>
>1944
>General José Garcia Godinho morre no Forte da Trafaria, por lhe ser
>recusado internamento hospitalar;

Francisco Ferreira Marques, de Lisboa, militante do PCP, em consequência de espancamento e após mês e meio de incomunicabilidade; Edmundo Gonçalves morre tuberculoso no Tarrafal;
>assassinados a tiro de metralhadora uma mulher e uma criança, durante a repressão da GNR sobre os camponeses rendeiros da herdade da Goucha
>(Benavente), mais 40 camponeses são feridos a tiro.
>
>1945
>Manuel Augusto da Costa morre no Tarrafal;
Germano Vidigal, operário,
assassinado com esmagamento dos testículos, depois de três dias de tortura no posto da GNR de Montemor-o-Novo;

Alfredo Dinis (Alex), operário e
dirigente do PCP, é assassinado a tiro na estrada de Bucelas;

José António
Companheiro, operário, de Borba, morre de tuberculose em consequência dos maus tratos na prisão;
>
>1946

>Manuel Simões Júnior, operário corticeiro, morre de tuberculose após doze
>anos de prisão e de deportação; Joaquim Correia, operário litógrafo do
>Porto, é morto por espancamento após quinze meses de prisão;
>
>1947
>
>José Patuleia, assalariado rural de Vila Viçosa, morre durante a tortura na
>sede da PIDE;
>
>1948
>
>António Lopes de Almeida, operário da Marinha Grande, é morto durante a
>tortura; Artur de Oliveira morre no Tarrafal; Joaquim Marreiros, marinheiro
>da Armada, morre no Tarrafal após doze anos de deportação; António Guerra,
>operário da Marinha Grande, preso desde 18 de Janeiro de 1934, morre quase
>cego e após doença prolongada;
>
>1950
>
>Militão Bessa Ribeiro, operário e dirigente do PCP, morre na Penitenciária
>de Lisboa, durante uma greve de fome e após nove meses de incomunicabilidade;
> José Moreira, operário, assassinado na tortura na sede da PIDE, dois dias após a
> prisão, o corpo é lançado por uma janela do quarto andar, para simular suicídio;
> Venceslau Ferreira morre em Lisboa após tortura; Alfredo Dias Lima, assalariado
> rural, é assassinado a tiro pela GNR durante uma manifestação em Alpiarça;
>
>1951
>
>Gervásio da Costa, operário de Fafe, morre vítima de maus tratos na prisão;
>
>1954
>
>Catarina Eufémia, assalariada rural, assassinada a tiro em Baleizão, durante
>uma greve, grávida e com uma filha nos braços;
>
>1957
>
>Joaquim Lemos Oliveira, barbeiro de Fafe, morre na sede da PIDE no Porto
>após quinze dias de tortura; Manuel da Silva Júnior, de Viana do Castelo, é
>morto durante a tortura na sede da PIDE no Porto, sendo o corpo,
>irreconhecível, enterrado às escondidas num cemitério do Porto; José
>Centeio, assalariado rural de Alpiarça, é assassinado pela PIDE;
>
>1958
>
>José Adelino dos Santos, assalariado rural, é assassinado a tiro pela GNR,
>durante uma manifestação em Montemor-o-Novo, vários outros trabalhadores
> são feridos a tiro; Raul Alves, operário da Póvoa de Santa Iria, após quinze
>dias de tortura, é lançado por uma janela do quarto andar da sede da PIDE, à
>sua morte assiste a esposa do embaixador do Brasil;
>
>1961
>
>Cândido Martins Capilé, operário corticeiro, é assassinado a tiro pela GNR
>durante uma manifestação em Almada; José Dias Coelho, escultor e militante
>do PCP, é assassinado à queima-roupa numa rua de Lisboa;
>
>1962
>
>António Graciano Adângio e Francisco Madeira, mineiros em Aljustrel, são
>assassinados a tiro pela GNR; Estêvão Giro, operário de Alcochete, é
>assassinado a tiro pela PSP durante a manifestação do 1º de Maio em Lisboa;
>
>1963
>
>Agostinho Fineza, operário tipógrafo do Funchal, é assassinado pela PSP, sob
>a indicação da PIDE, durante uma manifestação em Lisboa;
>
>1964
>
>Francisco Brito, desertor da guerra colonial, é assassinado em Loulé pela
>GNR; David Almeida Reis, trabalhador, é assassinado por agentes da PIDE
>durante uma manifestação em Lisboa;
>
>1965
>
>General Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos são assassinados
>a tiro em Vila Nueva del Fresno (Espanha), os assassinos são o inspector da
>PIDE Rosa Casaco e o subinspector Agostinho Tienza e o agente Casimiro Monteiro;
>
>1967
>
>Manuel Agostinho Góis, trabalhador agrícola de Cuba, more vítima de tortura
>na PIDE;
>
>1968
>
>Luís António Firmino, trabalhador de Montemor, morre em Caxias, vítima de
>maus tratos; Herculano Augusto, trabalhador rural, é morto à pancada no
>posto da PSP de Lamego por condenar publicamente a guerra colonial; Daniel
>Teixeira, estudante, morre no Forte de Caxias, em situação de
>incomunicabilidade, depois de agonizar durante uma noite sem assistência;
>
>1969
>
>Eduardo Mondlane, dirigente da Frelimo, é assassinado através de um
>atentado organizado pela PIDE;
>
>1972
>
>José António Leitão Ribeiro Santos, estudante de Direito em Lisboa e
>militante do MRPP, é assassinado a tiro durante uma reunião de apoio à luta
>do povo vietnamita e contra a repressão, o seu assassino, o agente da PIDE
>Coelha da Rocha, viria a escapar-se na "fuga-libertação" de Alcoentre, em
>Junho de 1975;
>
>1973
>
>Amilcar Cabral, dirigente da luta de libertação da Guiné e Cabo Verde, é
>assassinado por um bando mercenário a soldo da PIDE, chefiado por Alpoim
>Galvão;
>
>1974, 25 de Abril
>
>Fernando Carvalho Gesteira, de Montalegre, José James Barneto, de Vendas
>Novas, Fernando Barreiros dos Reis, soldado de Lisboa, e José Guilherme Rego
>Arruda, estudante dos Açores, são assassinados a tiro pelos pides acoitados na sua
> sede na Rua António Maria Cardoso, são ainda feridas duas dezenas pessoas.
>
>A PIDE acaba como começou, assassinando. Aqui não ficam contabilizadas as
>inúmeras vítimas anónimas da PIDE, GNR e PSP em outros locais de repressão.
>
>Mais ainda
>
>Podemos referir, duas centenas de homens, mulheres e crianças massacradas a
>tiro de canhão durante o bombardeamento da cidade do Porto, ordenada pelo
>coronel Passos e Sousa, na repressão da revolta de 3 de Fevereiro de 1927.
>Dezenas de mortos na repressão da revolta de 7 de Fevereiro de 1927 em
>Lisboa, vários deles assassinados por um pelotão de fuzilamento, às ordens do
>capitão Jorge Botelho Moniz, no Jardim Zoológico.
>
>Dezenas de mortos na repressão da revolta da Madeira, em Abril de 1931, ou
>outras tantas dezenas na repressão da revolta de 26 de Agosto de 1931. Um
>número indeterminado de mortos na deportação na Guiné, Timor, Angra e no
>Cunene. Um número indeterminado de mortos devido à intervenção da força
>fascista dos "Viriatos" na guerra civil de Espanha e a entrega de fugitivos
>aos pelotões de fuzilamento franquistas. Dezenas de mortos em São Tomé,
>na repressão ordenada pelo governador Carlos Gorgulho sobre os trabalhadores
>que recusaram o trabalho forçado, em Fevereiro de 1953. Muitos milhares de
>mortos durante as guerras coloniais, vítimas do Exército, da PIDE, da
>OPVDC, dos "Flechas", etc.
>

Carlos Peixeira Marques disse...

Anónimo, eu gosto de nºs, se puder quantificar...
Os de 1927 já contam para o CV de Salazar?
Os de Espanha entram no CV de Salazar ou de Franco? (Convém esclarecer, caso se crie o museu do Caudillo)
Em S. Tomé em 53 foram dezenas? É que eu já li que foram centenas e até já li uma contagem que passava os 1000.

Eu concordo com Alberto Gonçalves, não posso atribuir essas mortes a ectoplasmas nem ao fascismo, elas têm mandantes e executantes. Os museus servem para recordar, não para esquecer, e podem promover o estudo da História. Neste caso, do que fez e mandou fazer Salazar, incluindo a base repressiva do seu "reinado"; ora, os tais "antifascistas" a que Alberto Gonçalves se refere, acham que esse "estudo" é um feudo seu, auto-nomeando-se os únicos capazes de "identificar" não só os carrascos, como as vítimas -- repare que as únicas vítimas "legítimas" apresentadas estão ligadas ao PCP, o que soma escassas dezenas... as restantes são também confundidas com ectoplasmas!

Anónimo disse...

Nos dias de hoje, falar ou comentar o "reinado" negro do regime salazarista e outros mais ou menos totalitários e ferozes, existiram ou ainda existem, é o mesmo que assistir a imagens reais de guerra na televisão;
...não precisamos de nos esconder ou disfarçar para que os projeteis não nos atinjam. Agora falamos de peito aberto !!!

Anónimo disse...

Está esclarecido...

Essas tais mortes,torturas, etc, não podem ser atribuidas a Salazar. Não consta sequer, que ele tivesse licença de porte de arma (e ele não era de ilegalidades) ou que tivesse um arsenal de facas, de todo o tipo, na sua mesa de cabeceira.
O responsável de tudo isso é do "ectoplasma".

Amen, como ele diria, quando frequentemente se confessava ao cardeal cerejeira.

Anónimo disse...

O Museu do Salazar?
Não!
O Museu da PIDE?
Sim!
E o museu dos anónimos?
Sim,
mas só purgados! :-):-)

Anónimo disse...

Já agora um museu dos guifs...Sim.

Micas10 disse...

Perdoar, mas não esquecer.

Quem esquece a história está sujeita a repeti-la.

António disse...

Ainda se lembram de fazer o museu de Jacques - o Estripador, Jack The Ripper só para que o mundo não se esqueça dele.

Queiramos ou não, quando se dá tempo de antena nas "luzes da ribalta" da televisão a qualquer facínora está-se a propagandear, publicitar os seus feitos, logo a promovê-los.
Quanto mais, se lhe erguermos um edifício onde mostramos ao mundo o seu carro, a sua cama, as suas amantes, contamos a sua vida desde a nascença, mostramos o seu bidé, penico, escova dos dentes, as ceroulas que usava quando caiu do "cavalo", os seus feitos académicos como aluno brilhante, a necessidade de ser "firme".

Pior ainda,
pensem em dar o nome desse individuo ao edifício, alegando que assim o marketing já está feito, pois a sua fama vai trazer muitos clientes.

Depois é só construir hotéis de 5 estrelas, onde podemos ir trabalhar, servindo cafés aos ilustres visitantes do "nosso" museu, certamente que conheceremos outros famosos: família Bin Ladem, família Hussein, família Mobutu, família Stalin, família Mussolini, enfim pessoal endinheirado.

É melhor ir jogando no euromilhões, penso eu.

António disse...

Guif,
Bem-vindo ao Beijós XXI,
Manda Beijós a toda a Gente.

Carlos Peixeira Marques disse...

Micas10, plenamente de acordo, conhecer a História é fundamental para compreender o mundo em que vivemos e nos preocuparmos com o futuro.
A questão é que só se pode esquecer o que se conhece. A História é feita por homens e mulheres, que nasceram e morreram, que tiveram infâncias em aldeias e cidades... uns comportaram-se bem, outros comportaram-se mal, mas todos foram homens e mulheres. Remeter os heróis e vilões para criações de George Lucas só aumenta o risco de repetir a História que não queremos repetir.

Eu compreendo que aceitá-los como humanos seja desconfortável. O que nos custa admitir é que Salazar era apenas um homem, e que houve mulheres que se apaixonavam por ele, e padres que o glorificavam, e militares e polícias que o defendiam, e professores que reproduziam a sua ideologia, e mães que davam ramos de flores às suas crianças para que estas lhas fossem entregar, e...

Anónimo disse...

Esta reunião dos chamados resistentes anti-fascistas em Santa Comba Dão, querendo impor às gentes locais os seus pensamentos, é uma nova forma de ditadura. Onde está a liberdade de pensamento que é um dos pilares da democracia ? Será que, 32 anos depois do PREC, não estamos a assistitir a uma tentativa de reabilitar resquícios desse tempo ditatorial ? As gentes de Santa Comba Dão têm o legítimo direito de direccionar os destinos da sua autarquia. Essa é uma das virtualidades do poder local, assente no espírito do 25 de Abril. Sonegar isso é renegar a democracia.
Sou a favor da criação do Museu alusivo ao Prof. Oliveira Salazar para todos conhecermos a história exacta da 2ª República que certos pseudo-democratas querem, à viva força, encobrir. A História não se pode apagar. O problema, para esses, é que o redescobrir da história desse período é o mostrar da grande dimensão de estadista que foi Salazar. E isso é que os incomoda. Os denominados "resistentes antifascistas" não passam dum grupelho social-fascista, comunista e acólitos de extrema-esquerda. Vivemos em Democracia, não vivemos no PREC de 1975.
A única coisa que interessa aos grandes arautos da "Democracia" e da "Luta Antifascista" é manterem-se no poder ad aeternum, contra ventos e marés, para poderem lucrar à custa do Povo que esmagam. E nem sequer permitem qualquer oposição ideológica: para os que lhes fazem frente em nome da Integridade da Pátria não têm qualquer pejo em prescrever censura e até prisão, ferreteando-os de «fascistas !!!!!!!».

Carlos Peixeira Marques disse...

Ok, agora já temos aqui no blogue os 2 tipos de "apoiantes" de Salazar - os que o veneram por razões ideológicas (este recém-chegado), e os que o invocam por descontentamento com os políticos actuais (comentários noutro post).

Para uns e outros (tal como para a maioria de não-apoiantes) um Museu que apresente uma visão histórica equilibrada do Estado Novo, é uma oportunidade de aprendizagem.

Anónimo disse...

Um perfil psicológico de Salazar

O socialista
Quem era Salazar ?
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O SOCIALISTA

Quer queiramos, quer não, a verdade é esta: Salazar foi o único governante deste País que, até hoje, e do ponto de vista da eficiência, pode ser considerado socialista.
Não por princípio, evidentemente. A sua orientação foi sempre a de respeitar a propriedade privada dentro dos limites do interesse da comunidade, como garantia da liberdade da pessoa humana e como fonte do progresso social. Mas é possível, mesmo dentro deste critério fazer socialismo.

Em Portugal o socialismo teve antes de Salazar uma expressão pouco mais do que teórica e bastante limitada. Ficara-se em raras zonas das grandes cidades, onde aliás era fraca ainda a industrialização. Para mais, a propaganda republicana agira sobre a receptividade revolucionária prejudicando a expansão socialista.

Como aplicação prática podem apontar-se algumas leis de João Franco, sobre quem Oliveira Martins exercera marcada influência, daí resultando o paradoxo de o político da Monarquia mais odiado pelos republicanos ter sido o que mais próximo esteve dos socialistas. As tentativas de acção parcelar de Estêvão de Vasconcelos e de Augusto Dias da Silva na I República - não passaram de tentativas... A I República não foi socialista nem anti-socialista. Foi apenas desordeira.

Depois de Salazar, o entusiasmo pró-socialista, mais rigorosamente pró-social-democrata, que de certo modo caracterizou o corporativismo, cedeu - e a guerra do Ultramar não teria deixado de influir nisso - a uma orientação de tipo predominantemente liberal, mais consentânea com o surto de enriquecimento, vamos lá, de capitalismo à solta, em que os senhores do dinheiro foram os primeiros responsáveis pelo colapso de 25 de Abril.

Salazar encarava o capitalismo nos seus aspectos úteis e nocivos: na sua capacidade de empreendimento e de progresso social, na criação audaz de novas fontes de riqueza e de aperfeiçoamento das existentes, na organização da produção de que todos beneficiamos, por um lado, e por outro na sua expressão mais pura - o plutocrata, que não é nem o grande industrial, nem o financeiro: é uma espécie híbrida; intermediária entre a economia e a finança: é a FLOR DO MAL do pior capitalismo.

Para ele o trabalho era um dever de todos, cada qual na sua esfera de acção: dirigentes e dirigidos, patrões e empregados, ricos e pobres.
É conhecida uma das suas repreensões públicas:

Tantas vezes ouvi dizer a mães carinhosíssimas, sem poder conter a sua felicidade: graças a Deus! o meu filho não precisa de trabalhar. Dar-se-á o caso de os educardes, senhoras, para que para eles trabalhem os filhos das outras mães?

O socialismo praticado por Salazar não foi o socialismo demagógico das agitações partidárias, nem a social-democracia, nem o socialismo de Estado que tanto influíra já na velha sociedade alemã, nem o socialismo soviético. Foi, digamos, um socialismo paternalista de lançamento e fiscalização - ao qual naturalmente haveria de seguir-se por via fiscal, um socialismo de distribuição equitativa de rendimentos.

Encontrava-se o Estado português perante um povo desconfiado, receoso da colocação dos seus capitais e das suas economias em mãos aventureiras. Com a administração de Salazar confia no Estado. Mas o estadista preocupa-se em despertar neste povo, que noutras latitudes tem dado sobejas provas de espírito de iniciativa e de capacidade de risco, a confiança que o leva a agir por si próprio.

Ele tem as alavancas do Estado e por elas controla a vida económica. Os seus principais meios de acção situam-se no Banco de Portugal e na Caixa Geral de Depósitos, um e outro sob a sua mão. Através deles domina a banca, salva algumas situações difíceis e abre caminhos para alargamentos, que nem sempre foram aliás aproveitados na justa medida. Adianta-se na realização das grandes obras de progresso, desde as vias de comunicação até à produção e distribuição de energia. O Estado comanda o lançamento das empresas com os seus capitais.. Cria confiança. Depois, pouco a pouco, vai ver como os capitais privados se substituem a parte dos capitais públicos, deixando estes livres para novos investimentos.

Os fundos da previdência social, respeitantes aos benefícios a longo prazo - pensões de reforma e subsídios por morte - atingem somas vultosas que são aplicadas em títulos das empresas industriais sob a vigilância de representantes do Estado.
O Estado, pois, controla, num sentido paternalista de quem quer deixar os filhos ganhar autonomia para depois agirem por si. É o próprio Presidente que propõe e insiste em algumas das grandes realizações: o Metropolitano de Lisboa, a Ponte sobre o Tejo a Barragem da Cabora-Bassa, os estudos sobre a energia nuclear.. .

Não há-de ser absorvente a função do Estado. Nem na actividade económica, nem na sociedade, nem sequer na previdência e assistência. O culto da liberdade e da iniciativa individual, que tanto o havia impressionado desde jovem na educação inglesa, pretende ele radicá-lo entre os portugueses Mas levará tempo. Primeiro, há-de o Estado dar a impulsão inicial, ir-se-á retirando depois para uma função supletiva.

De qualquer forma, era independente de forças de pressão internas ou externas, doutrinárias ou materiais. Só o interesse nacional dominava o pensamento do estadista na execução de uma obra eficiente. Temos de considerá-lo neste ponto, repetimos, como o único realizador socialista até hoje conhecido em Portugal. Contra o interesse nacional não reconhecia a validade de quaisquer outros. Toemos obrigação de sacrificar tudo por todos: não devemos sacrificar-nos todos por alguns. E mais: O interesse nacional é superior à neutralidade e à paz.

Anónimo disse...

As ditaduras não podem ser enaltecidas, só por má fé um propaganda ideológica é que alguém pode fazer a apologia da ditadura de Salazar, um dos períodos mais obscurantistas da História de Portugal.

Só um indivíduo mal intencionado poder realçar as virtudes de um ditador como Salazar, Franco ou Hitler.
Indivíduos que só se mantiveram no poder graças a uma máquina infernal de controlo do seu povo, perseguição e eliminação de todos que pudessem pensar de forma diferente.

Todo o ser humano merece o nosso respeito bem como as suas ideologias, no entanto todos quantos defendem os poderes absolutos e ditaduras que diminuem as capacidades individuais dos seus cidadãos, sem o respeito pela liberdade e dignidade humana, não merecem qualquer crédito.

Anónimo disse...

@Tadeu disse...

"As ditaduras não podem ser enaltecidas, só por má fé um propaganda ideológica é que alguém pode fazer a apologia da ditadura de Salazar, um dos períodos mais obscurantistas da História de Portugal.

Só um indivíduo mal intencionado poder realçar as virtudes de um ditador como Salazar, Franco ou Hitler.
Indivíduos que só se mantiveram no poder graças a uma máquina infernal de controlo do seu povo, perseguição e eliminação de todos que pudessem pensar de forma diferente.

Todo o ser humano merece o nosso respeito bem como as suas ideologias, no entanto todos quantos defendem os poderes absolutos e ditaduras que diminuem as capacidades individuais dos seus cidadãos, sem o respeito pela liberdade e dignidade humana, não merecem qualquer crédito.

27-03-2007 16:48"
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Em democracia, um dos poucos benefícios que Portugal teve, foi o de muitos poderem falar abertamente daquilo de que discordam!

Ao fazê-lo, poderão concordar ou discordar das opiniões dos outros e, no respeito pelas pessoas, livremente, há possibilidades de apresentar as opiniões, sem receio de virem a ser censurados, perseguidos ou punidos!

Por isso, jamais se poderá imputar má fé ou má intenção, quando se enaltece a parte positiva dos governos de Salazar, de Franco ou de Hitler, porquanto Staline e outros governantes comunistas também tiveram partes negativas nos governos, que também mereceriam não menor censura. Os povos desses países não foram menos perseguidos do que alguns cidadãos em Portugal.

Se queremos viver em liberdade, teremos que aceitar a nossa e a dos outros, sem que isso nos possa motivar a tecer qualquer censura, porque a fazê-lo estamos a enveredar por caminhos percorridos negativamente pelos Governos de Salazar. :-(

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