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segunda-feira, 29 de janeiro de 2007

Museu Salazar avança com ou sem Governo

João Lourenço está determinado a fazer avançar o Centro de Estudos do Estado Novo e Museu Salazar, mas deixa claro que não se trata de “nenhuma homenagem”. O presidente da Câmara de Santa Comba Dão vai reunir, no próximo dia 6 de Fevereiro, em Lisboa, com a ministra da Cultura para apresentar as ideias do futuro Centro de Estudos do Estado Novo e o Museu Salazar, no Vimieiro. Mas João Lourenço mostra-se crítico com Isabel Pires de Lima, por esta já ter dito que o seu ministério não pretende apoiar a construção deste museu. “Se a intenção é fazer uma casa-museu para guardar documentação e preservar espólio pessoal, nunca apoiarei o projecto”, referiu, na semana passada, a ministra da Cultura, à saída do debate mensal na Assembleia da República. “Foi uma reacção que não nos agradou muito, por parte da ministra”, admitiu ao DIÁRIO AS BEIRAS o autarca do PSD, acrescentando que a governante “deve estar confundida, porque não é isso que nós pretendemos”.
João Lourenço deixa claro que o seu município pretende, “apenas”, o apoio institucional e técnico do ministério e não apoio financeiro. “Temos um projecto que pode trazer dinâmica, em termos de turismo e de cultura”, refere, para questionar: “por que razão é que não se deve apoiar?”.
O projecto para a criação do museu está a ser elaborado e o autarca adiantou que, se não tiver o apoio do ministério, irá avançar na mesma. “Não vai ser pelo facto de a ministra não acreditar no projecto, ou não querer apoiá-lo, que ele vai parar”, sublinhou.
No entanto, diz que gostaria de ter o apoio do ministério da Cultura. “Se não for possível, paciência. Poderá demorar mais tempo, mas vamos fazê-lo na mesma”. Na sua opinião, não vê razões para não ser apoiado. “Têm sido apoiados projectos com menos significado que este”, afirma. Os milhões que têm sido anunciados para vários projectos, a nível nacional, “têm esquecido” esta região. “Até por isso esta seria uma boa ocasião para alterar essa situação”, sublinha. “Temos consciência que existem fantasmas, mas vamos ver se eles não ensombram o nosso projecto”, salienta. João Lourenço lembra, aliás, que este projecto foi iniciado pelo anterior autarca santacombadense, Orlando Mendes (PS), e “mereceu, então, o apoio, na altura, do ministro da Cultura, Manuel Maria Carrilho, no tempo do governo do António Guterres”.
Noutro plano, o autarca revela que este projecto “não é nenhuma homenagem a Salazar. Ele já morreu, já não volta”. No seu entender a democracia, em Portugal, “está bem consolidada, não existe nenhum problema para isto retroceder”. Por isso, pergunta: “por que razão têm as pessoas medo?”. O edil social-democrata, que nas últimas eleições ganhou a câmara ao PS, não aceita as críticas ao projecto, e frisa: “mais democrata que eu não há. Pode haver iguais. Por isso não aceito lições de pessoas que, por terem ideias antifascistas, pensam que são mais democratas do que eu, mas não são”.
Centro de estudos do estado novo
O objectivo do centro de estudos e museu, a instalar na antiga casa e quinta onde Salazar nasceu, no Vimieiro, passa por “proporcionar às novas gerações e aos que viveram o Estado Novo, uma abordagem séria e pragmática e, portanto, isenta de qualquer carga ideológica, desse período da história de Portugal, aproveitando-se um manancial de documentos e bens pessoais que se encontram na posse do município”. A câmara já possui cerca de 13 mil documentos referentes a Salazar, muitos deles que eram pertença de Rui Salazar de Lucena e Mello, sobrinho neto do filho do feitor do Vimieiro. O projecto ainda não está concluído mas as ideias para o espaço pretendem transformar a eira da quinta num restaurante e casa de chá, enquanto a antiga adega poderá albergar um auditório e a casa acolherá o espólio museológico.
Fonte: As Beiras

15 Beijos:

fernando_vilarinho disse...

se for avante, é mais um alvo para o Bin Laden! Vai acontecer o mesmo que à estátua.

Anónimo disse...

Foi-me businado aos ouvidos que estão a ser enviadas mensagens anónimas para as pessoas responderem e a resposta vai ter a um voto no Salazar nos grandes Portugueses?
Parece que é verdade.

Carlos Peixeira Marques disse...

Isso foi confirmado pelo produtor do concurso, que afirmou que tal está acontecendo com, pelo menos, mais outro finalista.
Como se sabe, só conta 1 voto por nº de telefone, por isso, quem tiver votado por engano, poder corrigir...

Anónimo disse...

O outro deve ser o Cunhal.

Carlos Peixeira Marques disse...

Seria mau que o museu servisse para branquear a imagem do ditador. Mas, com «uma abordagem séria», como diz o autarca, poderá ser um projecto muito benéfico para SCD e necessário para ajudar a ensinar às gerações pós-25 de Abril a História de grande parte do séc. XX. Desse ponto de vista, muito mais necessário do que um museu sobre Sousa Mendes. Ou crêem que em Cuba, quando se instaurar a democracia, só haverá museus de dissidentes? Não será fundamental um sobre Fidel?

António disse...

Porquê um museu sobre uma personalidade?

Porque não, um Museu de Santa Comba Dão?

E aí sim, com toda a legitimidade, uma secção dedicada à figura de Oliveira Salazar.

Carlos Peixeira Marques disse...

Porque a marca Salazar "vende" muito mais do que a marca Santa Comba.

Micas10 disse...

Pelo menos a autarquia mostra que é DINÂMICA

Anónimo disse...

Democracia em Cuba. Mas quando !?

Anónimo disse...

Eu creio que onde AOS estiver, por cada vez que os seus admiradores votarem nele, dará um tombo, porque se em vida não tolerava votos, não deve apreciar nada esta "manifestação de apoio".

Mas estou de acordo com a ideia do museu em sua des-honra, porque é uma forma das gerações futuras, com algum conhecimento, escolherem o tipo de sociedade em que querem viver. Pelo menos não terão tanta desculpa.

António disse...

De qualquer modo, na minha opinião é que a criação de tal museu é perfeitamente despropositada.

Como seria visto aos olhos do mundo, se Predappio em Itália criasse o "Museu Benito Mossulini"?

Como seria visto aos olhos do mundo se Braunau am Inn na Austria criasse o "Museu Adolfo Hitler"?

Como seria visto aos olhos do mundo se Lisala da República Democrática do Congo criasse o "Museu Mobutu Sese Seko"?

Como seria visto aos olhos do mundo se Gori na Georgia criasse o "Museu Josef Stalin"?

Parece-me que este tipo de publicidade é perfeitamente escusada.

Anónimo disse...

... e então podia dançar - se de roda em torno do mundo se toda a gente no mundo quisesse dar - se a mão.

Carlos Peixeira Marques disse...

O governo da Baviera abriu um museu sobre o nazismo, que é maioritariamente sobre Hitler e os seus colaboradores, no refúgio de montanha do próprio Hitler.

O museu de Stalin em Gori existe mesmo e fica na principal praça da cidade.

Anónimo disse...

... a História não muda. O que muda são as perspectivas.

Anónimo disse...

O nosso espírito de rebanho...

Pretender ou esperar que é com um "Museu Salazar" ou a Salazar, como o que se indicia para Santa Comba Dão, para informar as gerações futuras do que foi o regime liderado por Salazar durante cerca de cerca de 45 anos e do mal que ele causou a este "pobre" país, é o mesmo que dizer que, a melhor maneira de ir de Santa Comba Dão a Carregal do Sal (+-10 Km, em linha recta) é ir na direcção de Tondela, subir o Caramulo, descer a Águeda, depois subir a serra de Montemuro, Castro Daire, V. Nova de Paiva, Pendono, Linhares da Beira, subir a serra da Estrela, ir á Covilhã, voltar na direcção da serra do Açor, Arganil, Tábua, Midões e, depois de tudo isto, talvez ainda alguém se lembre que o objectivo era chegar a Carregal do Sal. Ufa!...

...com todo o respeito...

Uma vez, um mentiroso quis ver até que ponto as pessoas poderiam acreditar nas suas mentiras. E vai daí, pôs-se a dizer a quantos encontrava que o Sol estava a andar ao contrário. Ele viu tanta gente a caminhar na direcção do Sol, tão embevecidos na patranha, que às tantas disse mesmo: “Oh, se calhar é mesmo verdade!"

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